[Verso 1: Eduardo]
Confecciona sua Hugo Boss com Kevlar
Ou polietileno, pra 765 não furar
Tá aberta a temporada do Thriller contemporâneo
Onde eu compro com seu Visa e afundo seu crânio
Não adianta agendar cirurgia espiritual
Nem Dr. Fritz vai curar seu corpo físico ou astral
Nossa aula de etiqueta é pra um único buffet:
O do canapé com miolo de rico esmagado igual patê
Favela é um mundo particular, país embargado
Sem ajuda exterior, como a Cuba de Fidel Castro
Quer vencer, montar agência de carro dublê
7 mil pelo Renault, BMW Coupé
O h*mo sapiens não ultrapa**ou o macaco
Não entendeu que só tem paz num mundo igualitário
Que ninguém quer Corcel 2 com alto-falante em cima
"Dona de casa, ó a pamonha fresquinha"
A Estrela de Davi não é mais o alvo pro abate
Agora é a trança, o boné, a tatuagem
Querem vender por 500 nosso esqueleto completo
Aceitam até cheque pra 30 no cemitério
513 deputados estocados com vergalhão
Esse é o plenário que eu sonho em presidir a sessão
A serenata é o Dó - Ré - Mi - Fá da .45
Ouço pa**os, vejo vultos de 50 mil espíritos
[Refrão: Eduardo & Dum Dum]
Nos quatro pontos cardeais, a morte é impressa em negrito
Ouço pa**os, vejo vultos de 50 mil espíritos
[Verso 2: Dum Dum]
É foda conversar com alguém pra manter consciente
Pulmão perfurado, ferido gravemente
Será que foi inimigo, ou quem atirou se confundiu?
As pálpebras fechando, pede água, sente frio
Ver o último suspiro, seu sangue na minha camisa
Depois dar a notícia pra outra dona Maria
Na escola música clássica no circuito
Pro aluno não ouvir a 9mm
Do vacilão que matou o nóia na boca da favela
Arrastou polícia, afastou a clientela
Matou sem permissão, falha sumariada
Serrote no pescoço, demitido, justa causa
A fragância Boticário é substância cadaverina
Odôr de corpo decomposto, carne apodrecida
Acho que o segredo de Fátima não revelado
É não existirá quem cumpra os mandamentos sagrados
Deus ilumine o bebê que a mãe terceiriza
Pra mulher pedir esmola trajada de mendiga
O corpo franzino apertando a M60 do Rambo
Não cai porque um menor faz o calço, segurando
Aí sargento, o morro tem monitoramento
Quando cê chega, nós já tamo na praia faz tempo
Põe sua prótese facial, toma o antidepressivo
Pra sua prece na Capela dos 50 mil Espíritos
[Refrão: Eduardo & Dum Dum]
[Verso 3: Dum Dum & Eduardo]
[Dum Dum]
Plebiscito do desarmamento, 23 de outubro
Come se a Colt precisa**e de vitrine pro produto
Ou pra matar eu precisa**e de porte de arma
Com fome é numeração raspada, canivete, faca
As armas que mais matam não tão na loja
A quente tá no coldre da farda e a fria na bota
Por ano morrem 10 a cada 100 mil em Pinheiros
No mesmo cálculo, 103 morrem em Parelheiros
Faça regressão com preso e verá na hipnose:
O crime foi a melhor opção mesmo com fim precoce
Assaltamos o Apart-hotel, o boy na mó suruba
Subiu na cama redonda com duas putas
[Eduardo]
Fulano morreu com a PT de brinquedo do camelô
Enquadrou o Bob's e o bico lanchando se ligou
Cravei no peito do cagueta o espeto de churrasco
Infelizmente a morte é sempre a pauta do diálogo
Baiana com água de cheiro, faz um pedido pra mim
Quando lavar a escadaria do Senhor do Bonfim
Que nos milhões de quilômetros de extensão tropical
24 horas não haja um estampido de Fal
Me preparam pra algema, só falar em juízo
Meter perjúrio pra se pá Habeas Corpus concedido
Pra segurar o próprio intestino na fita do Bingo
Ser outro Eduardo inserido na capela dos espíritos
[Refrão: Eduardo & Dum Dum]