Havia uma avenida toldada de um doce encanto
Por entre os sinais de pobreza e desalento
Por estranho que pareça nessa rua alguém cantava
Elevando a poesia a um rumo que ninguém esperava
Havia um olhar de esperança, de fé toldado
Por entre um refúgio de crianças na beira da estrada
De súbito um grito alucinado descerra o canto
Divino mas também amargurado com estranho encanto
Saudade, saudade
Saudade de ter-te na minha vida
O meu rosto no teu e a tua mão na minha saudade
Saudade, saudade
Teu corpo queimou e percorreu os recantos do meu
Tua boca na minha saudade
Havia uma rua na cidade, por entre tantas
O que a tornou diferente, na verdade, foi este canto
A voz que soava sem descanso de noite e dia
Já então desprovida do encanto que tivera um dia