[Estrofe 1]
2012, 24 de novembro:
A família Andrade recebia um novo membro
E não houve (eu me lembro) quem não se alegra**e
Quem não celebra**e e não telefona**e
No celular, só corações a pular com
Manifestações de orgulho avuncular de quem
Não tava lá, mas tava doido pra tar
Quem podia estar logo foi no hospital visitar
Afinal, todo mundo quer saber se
Foi parto normal ou não foi e por quê
Sim, sim, experiência intensa:
Sem experiência, Marla tava bem tensa;
Mas, graças a Deus, correu tudo bem
Só alegria—amanhece, a mãe vê seu neném
Ô, tu não sabe: desde que ficou grávida
(era só um embrião), ela já tava ávida
Pra te ter nos braços e te contar tua história
Encher de abraços, ninar com estórias...
O pai também, só que é diferente;
Por nove meses é a mãe quem mais sente;
Mas deparar-se com o brilho da face do filho que nasce
Faz que, num pa**e de mágica, se crie um enlace
É o aleph no choro que soa--
O pai, satisfeito, sorrindo à toa
[Estrofe 2]
Vem cá, meu filho, senta aí, te comporta
Pra que DUC te eduque no que realmente importa
No caminho das pedras
A vida que a gente leva é o que dela se leva
Quem trabalha tem sorte, Jorge. Ó que bom:
O teu nome é trabalho; ó só: gē e ergon.
Nesse som, promessa de, enquanto tiver vida
Aconteça o que aconteça, sempre estar na torcida
Pra que a fé te conforte na procura de um norte
Pra que tu seja forte e suporte as dores dos cortes
Nem tudo na vida são flores, cores e amores;
Há horrores, terrores, mil senhores sem valores
Atores dum jogo sujo—cujo resultado
Só serve a um punhado de sepulcros caiados
Se parecer que só se dá bem quem tem bens
Montado em notas de cem, guiando Mercedes-Benz
Veja o refém do que tem, de aplauso e de parabéns—
Sofre também, que nem quem vive sem
Veja bem: cedo ou tarde
Amizade de verdade vem, sem muito alarde;
E só se vê quem é quem quando a gente tropeça
A hora em que o bicho pega, até Pedro renega e chora.
Filho, ora. Vida é dom que Deus doa
Começou a tua. Voe. E que o Papai do Céu te abençoe