Havia um cidadão
Perdido na imensidão
Sente muito, sim senhor
Vai pra rua descobrir
Sua reta e sua rosa
Arriando o céu com a mão
Cada ser tão solitário
Tem um sertão no peito
Tem saudade do sábado
Do sofá, do travesseiro
E corre a rua no seu carro
Segue o ritmo da irritação
Arrisca ser mais rápido que o relógio
Que a rotina do seu rumo
Que o roubo do ladrão
E no sinal, parado
Procura o vôo de um pássaro
Que mora nos segredos do céu
E se sente cansado e só
Imenso sonho de saudade
Cumpre-se no sofrimento do som cidadão
Sobe a antena mais alta
E vê que estranha beleza essa cidade
Do sensato soldado de segunda
Do sono e do sol
Que procura uma sombra de poluição
Enquanto desce o precipício
E nem percebe que os prédios cresceram mais do que o olho alcança
E sente falta daquilo que não viu
Havia um cidadão
Perdido na imensidão
Sente muito, sim senhor
Vai pra rua descobrir
Sua reta e sua rosa
Arriando o céu com a mão