8 anos se pa**aram desde JapanPopShow (2008, YB Music) e Curumin pode estar perto de lançar mais um novo álbum. Enquanto estamos na expectativa, retomemos neste mês de aniversário do disco, aquele que talvez seja o seu mais significativo.
Japan teve seu início ainda em 2007 com as gravações e finalmente saiu em maio de 2008. Ultimamente, Curumin tem aparecido bastante tocando e na produção musical, como no caso de Selva Mundo, do Vivendo do Ócio, lançado em 2015. De 2008 pra cá, ainda teve Arrocha (2012, Independente), trabalho que consagra o baterista paulista – mas seu auge foi no trabalho anterior. Nenhum outro disco nos anos 2000 no Brasil reuniu tão bem os ritmos marcantes da cultura musical, não só brasileiros – como samba e MPB –, mas também gringos – trip hop, funk e pop, para citar alguns. Os anos 2000 foram marcados inicialmente pelo cessar do auge do rap, emergido no fim dos anos 90, e o início da cena indie, com o boom Los Hermanos, quebrando paradigmas também de comportamento. É também nesse período que surge a influência da música eletrônica e do pop, com nomes como Lucas Santtana, brincando com a MPB; o Cansei de Ser Sexy, irreverente e com uma fórmula pop que fez muito sucesso na época; e Curumin, misturando tudo o que há de melhor na música nacional com um toque de estilos eletrônicos, dando um frescor na música popular. O que vinha sendo explorado por ele desde sua estreia em Achados e Perdidos (2003, YB Music), se aprimorou em sua sequência, já com as instrumentações e ideias maturadas.
A primeira faixa, ”Salto no Vácuo com Joelhada”, lembra do famoso o golpe do personagem que dá título ao anime Sawamu, e é um trip hop estilo o cla**udo Entroducting…. do DJ Shadow. Nota-se, este, como uma das principais referências para a montagem do álbum. A segunda, ”Dançando no Escuro” – qual a relação com Lars von Trier e Björk? –, usa de percussão para evocar uma letra com forte influência de cantos nativos, pelo tom ritualesco. ”Compacto”, ”Magrela Fever” e ”Mal Estar Card” são as que mais demonstram a MPB e o pop entrelaçados ao som do instrumentista. ”Caixa Preta” conta com participação de Lucas Santtana e BNegão e relembra o acidente com um avião da TAM no aeroporto de Congonhas. ”Sambito” e ”Kyoto” são sua homenagem à cultura japonesa, a qual ele carrega consigo – aqui nota-se a influência do funk, também em ”Saída Bangu”. Filho de japonês e espanhol que migraram para o Brasil, Curumin tem a mistura em seu sangue. Em ”Esperança” - composição de Deon e Lucas Martins - e principalmente ”Mistério Stereo”, a graciosidade e extraordinariedade das composições são o forte. Versos altamente melódicos lembram mestres da MPB pela leveza e carga sentimental. A instrumental ”Fumanchu” fecha o disco guiado por um piano elétrico, com alguns samples de vozes que parecem de uma música soul, Curumin na bateria e mais um bom uso da eletrônica. O disco não poderia terminar de outra forma se não tão prazerosa como essa. JapanPopShow foi marcante para a primeira década após a virada do milênio e se destaca pela mistura, influência da cultura japonesa como resgaste da música brasileira e mostrou rumos que a música popular tomava, superando a MPB e sintonizando uma tendência musical. 8 anos já se pa**aram e nunca é tarde para afirmar que este é um grande disco, um dos clássicos dessa primeira década dos anos 2000 na música brasileira.