Para alguns, Criolo pode ser um pouco confuso, problema que até o próprio artista já admitiu ter. Contudo, não podemos negar que ele também é um dos compositores mais profundos, com rimas e frases bastante impactantes.
Com o anúncio do relançamento do seu primeiro álbum, o "Ainda Há Tempo" (2006), não podemos deixar de revistar o álbum para mostrar como algumas linhas 10 anos depois ainda se mantém atuais. I. Peixes mutantes invadindo o congresso
Vomitando poluentes com o logotipo impresso
"B” e “R”, quem é do mangue não esquece
As vítimas perecem, as famílias enlouquecem - Chuva Ácida A faixa "Chuva Ácida" faz uma crítica forte ao próprio ser humano e como ele destrói a natureza, mais especificamente as empresas privadas. Essas linhas em destaque, feitas para o vazamento de petróleo da Petrobrás na Baia Guanabara (e muito provavelmente também para outros crimes ambientais da época), não poderiam ser mais atuais. Além do incidente na cidade de Mariana, a própria Baia Guanabara continua sofrendo com o esgoto às vésperas das Olimpíadas 2016 do Rio de Janeiro. II. As pessoas não são más
Elas só estão perdidas
Ainda há tempo - Ainda Há Tempo A faixa que batiza o álbum mostra qual o verdadeiro objetivo do Criolo com sua música: falar de amor, em um sentido maior que o romântico. No primeiro verso, o MC fala sobre o amor e como ele pode também causar dor, algo um tanto contraditório para este sentimento. No verso seguinte se usa como exemplo para mostrar que errar faz parte e o importante é continuar tentando. E no último verso entendemos como isso tudo se relaciona com o rap e a mensagem que o artista quer pa**ar. É necessário questionar e pensar no que fazemos para nos encontrarmos. São linhas que ainda nos fazem pensar, já foram 10 anos e ainda estamos tentando, Criolo. III. Tô pra ver um daqui sucumbir
Você pode até sorrir, mas no final vai chorar
Mexeu com nós a**im, só sorte
Tô com a favela, eu tô forte - Voz e Violão/ Tô Pra Ver O que começa calmo em "Voz e Violão" e se torna imponente em "Tô Pra Ver" é praticamente um lema para os jovens e pessoas que vivem às margens da sociedade de todo o Brasil nestes 10 anos. Se pensarmos, por exemplo, na cena do rap e do funk vemos o quanto essa mensagem ainda é atual. Os dois gêneros crescem cada vez mais e influenciam a cultura popular das mais diversas maneiras, principalmente o funk. IV. 500 conto num tênis irmão é pra quem pode
De carro com b**hes, o boy se acha grande (olho no lance)
Grande foi Mahatma Gandhi - É o Teste Falando sobre as desigualdades em "É o Teste", não é difícil de encontrar exemplos como estas linhas na faixa que ainda se mantém firmes. Os avanços com relação a desigualdades foram muitos, mas ainda temos um grande caminho para percorrer. V. Ninguém vai me frear
Ninguém vai me dizer o que eu devo fazer nessa porra - Demorô Falando mais especificamente do próprio MC, não podemos deixar de negar que Criolo se manteve fiel às suas palavras. Além de romper seus próprios limites misturando diferentes gêneros em seus álbuns após Ainda Há Tempo, Kleber Cavalcante Gomes faz o mesmo também fora da música. A ideia de relançar seu primeiro projeto após 10 anos evidencia que ninguém vai dizer o que ele deve fazer. Ansioso pelo lançamento? Não deixe de ouvir "Ainda Há Tempo" que foi lançado em 2006 e acompanhar as letras no Genius, pois sem dúvida este relançamento será um dos projetos do ano.