Lisboa, se amas o Tejo
Como não amas ninguém,
Perdoa num longo beijo
Os caprichos que ele tem.
Faço o mesmo ao meu amor
Se me aparece zangado,
Para acalmar-lhe o fulgor,
Num beijo canto-lhe o fado.
E vejo todo o bem que ele me quer.
Precisas de aprender a ser mulher.
Tu também és rapariga,
Tu também és cantadeira,
Vale mais uma cantiga
Cantada à tua maneira
Que andarem os dois à uma,
Nesse quebrar de cabeça.
Que lindo enxoval de espuma
Ele traz quando regressa.
À noite é de prata o seu lençol,
De dia veste o pijama de Sol.
Violento mas fiel,
Sempre a arrojar-se a teus pés.
Meu amor é como ele,
Tem más e boas marés.
Minha cabeça de vento,
Deixa-o lá ser ciumento.
Minha cabeça de vento,
Deixa-o lá ser ciumento.