Surges do mar como uma ninfa alada
E pairas sobre mim sem te deteres
És como uma gaivota ou pomba ou nada
E sei que não é meu o que me deres
E eu, de pés na terra, olhando o mar
Da solidão desse teu voo rasgado
Sinto escorrer por dentro o teu olhar
E vais partir de mim sem ter chegado
Chamar-te esperança, ou sonho, já não sei
Se te hei-de dar o nome donde vens
Que me saibas mostrar que te inventei
E só eu sei o nome que tu tens
Vou-te buscar ao futuro, que só aí
Posso saber se existes no meu fado
Foi em sonhos apenas que te vi
É tempo de te ver estando acordado!