[Verso 1]
A música é uma musa confusa, não sabe se te ajuda ou te usa
Muitos chegam nela e só conhecem a recusa
E se você se beneficia dela, de falso te acusa
É tudo panela que dizem colegas, quando se cruzam
Nas vielas da vida
Ontem eu vi ela puta da vida, parada na sequela
Estéreo, sem brilho
Também, o que já fizeram com ela, até Deus duvida
Ninguém parece dar importância devida a quem
Tá perto de você, desde que você era neném
Lembra do seu primeiro parabéns
Como ele seria sem som, sem alguém batendo palmas
Somente o silêncio dos anjos dizendo amém, sangue bom
Eu mal me lembro como a gente se conheceu
Mas desde a primeira vez que eu a vi, ela pareceu maior que eu
Cresci, e o laço permanece intacto
Pactos com o sangue da veia poética, não podem ser quebrados
Quantas vezes eram só nós 2, dando 2
Vivendo aventuras, escrevendo duro depois
Quantas vezes no calor da noite, alguém compôs
Poesia pra uma musa que há muito se foi
Quantas vezes já adormeci, pensando em ti
E embalado sonhei com coisas que eu escrevi
Quantas vezes eu ouvi: "É melhor desistir"
"Você não merece essa aí", "Sai dessa Aori"
Quantas vezes eu vi manos mandando rimas
Perdendo tempo nas esquinas, esperando que você chega**e
Mas eu sei, você tem suas manias
Às vezes a gente só se vê quando o sol nasce
E tudo bem, não quero saber onde você tava, nem com quem
Sempre que tu vir ficar comigo, eu te receberei bem
E já que você simplesmente vem, não posso impedir que tu vá além
Contanto que tu prometa voltar
Meu bem maior é ter você ao meu alcance
[Refrão]
Eu acendo um incenso, deixo o beat rolar no repeat
Aí eu sento e penso, e me concentro ao limite
Sentir a sua presença, prazer maior não existe
Minha musa, minha música, minha vida eu dedico a ti
[Verso 2]
Minha musa me emociona, me ameaça mas não me abandona
Eu preciso dela, e ela de mim, é a**im que funciona
Às vezes ela vai de carona na garupa de algum garoto
Atrás de conforto
Mas farsas duram pouco
Ela não é só minha, eu não posso ser fominha
Desde que eu a conheci, ela já era sozinha
Atraente, sempre rodeada de gente
Eu queria sua companhia, mas era só um adolescente
Os homens ficavam loucos, até perdiam o decoro
Botavam calça apertada de couro, pintavam o cabelo de loiro
Como se isso fosse te atrair, mas pra mim, música de corno
É um jeito de te trair
Eu colo com ela, não é pelo dinheiro, enfim
É que apesar de eu ser um cavalheiro, ela é quem abre as portas pra mim
A gente já entrou pela janela sim
Já pulei o muro do Circo Voador pra encontrá-la num camarim
Dizem que ela era mais bela, mas ela só tá cansada
De ralar de domingo a domingo
Não adiantou nada se liberar do cafetão gringo
Ela continua vindo da favela pra alegrar rico no condomínio
Hoje são 3 por 10, uma é 5
E seu organismo não tá resistindo bem a essa exploração
Ela não é mais a mesma desde que foi na televisão
De shortinho, se virando nos 30
Explorada por pilantras, própria perdida
Eu sei que você nunca foi santa, mas você era mais distinta
Logo agora que você faz sucesso lá fora
Na hora em que malandros te exportam, ninguém mais se importa
Nêgo só quer sugar seu suor, saber se a conta bancária engorda
Mas eu pergunto: O que vai ser de nós se você tiver morta?
[Refrão]