No tempo brasil colônia
Terra de brancos barões
Surgia um povo mestiço
Já filhos desses torrões
Desejos de pátria livre
Tomavam seus corações
Dentre estes brasileiros
Chamados de desraçados
Um filha de escrava negra
Mulato, pobre e ba*tardo
Virou mestre-entalhador
Ofício o mais respeitado
Mas um dia a doença
Com o destino combina;
Destrói-lhe as mãos e os pés
Todo o seu corpo em surdina
Cheio de chagas e dor
Pa**a a cumprir sua sina
Tinha a missão de fazer
Com dois formões afiados
Bem amarrados aos punhos
Homens, santos, lapidados
Da pedra e da madeira
Tal um filho livre gerado
Eram os santos que esculpia
Mineiros inconfidentes
Num apóstolo se via
As feições de tiradentes
Um sonhador luminoso
Com a terra independente
Do seu talhe então surgia
Uma nova identidade
Da pátria que se formava
Mestiça, sim, de verdade
Riscou na pedra e madeira
Caminhos da liberdade
'a medida que seu corpo
Ia se desfigurando
E com chagas crescentes
Ia se despedaçando
O que caía no chão
Nova terra ia formando
Talhando gente e frontões
Nas minas ele vagava
Visionário, itinerante
Uma nação inventava
Era um mestiço, meu deus
Que um brasil profetizava