O imperador dom pedro
Tem uma filha ba*tarda
A quem quer tanto do bem
Que ela ficou malcriada!
Queriam casar com ela
Barões de capa e de espada
Ela, porém, orgulhosa
A todos que recusava:
- este, é menino! esse é velho!
Aquele, lá, não tem barba!
O de cá, não tem bom pulso
Pra manejar uma espada!
Dom pedro falou, se rindo:
- inda serás castigada!
Não vás tu, de algum vaqueiro
Terminar apaixonada!
Na fazenda de seu pai
Já no fim da madrugada
Um dia, numa janela
A infanta se debruçava
Viu pa**ar três moradores
Que trabalhavam de enxada
O mais garboso dos três
Era o que mais trabalhava
Tanto plantava algodão
Como do gado cuidava
Vestia gibão de couro
Fortes sapatos calçava
N'aba do chapéu de couro
Fina prata se estrelava
Pois logo, desse vaqueiro
A infanta se apaixonava
E o vaqueiro, só cavando:
Ele sabe o que cavava!
A princesa chama a velha
Em que mais se confiava:
- estás vendo aquele vaqueiro
Trabalhando, ali, de enxada?
Condes, duques, cavaleiros
Por nenhum eu o trocava!
Vai chamá-lo aqui, depressa
E ninguém saiba de nada!
A velha vai ao vaqueiro
Que na terra trabalhava:
- vem comigo, meu vaqueiro!
Por que essa vista baixa?
Levanta os olhos, que vês
A estrela da madrugada!
Entraram pelo portão
Que a porta estava fechada
Na camarinha da moça
O vaqueiro já chegava:
- senhora, o que é que me manda?
Eu vim por vossa chamada!
- quero saber se te atreves
A queimar minha coivara!
- atrever, me atrevo a tudo
Que um homem não se acovarda!
Dizei-me, porém, senhora
Onde está vossa coivara!
- é abaixo dos dois montes
Na fonte das minhas águas
Abaixo do tabuleiro
E na furna da pintada
Na linha da perseguida
No corte da desejada!
Pa**am o dia folgando
O mais da noite pa**avam
E o vaqueiro socavando:
Ele sabe o que cavava!
À meia-noite, a princesa
Pediu tréguas, por cansada:
- basta! basta, meu vaqueiro!
Queimaste mesmo a coivara!
Não sei se por varas morro
Ou com ela incendiada!
E, a**im, a filha do rei
Do orgulho foi castigada!