[Verso 1: André Ramiro]
Quando eu era pequeninin, um negro Serafim
Conheci uma bela dama com os olhos de capim
Cabelo de asfalto, corpo feito de barro
Recebi dos seus braços carinho e forte abraço
Abençoada com a beleza da cultura brasileira
Vestida com vestido de tijolo e madeira
Perguntei: “Princesa, quer ser minha namorada?”
Mas ela me disse: “Com o samba já sou casada.”
Muleque, no stress, cresce e aparece
Meu filho mais novo é o funk e o meu filho mais velho é o rap
O tráfico e a milícia brigando por seu amor
A polícia e o governo desprezam o seu valor
Cansada, maltratada, baleada, calejada
Mas nunca negou abrigo pra ninguém em sua morada
Amada por negros e brancos, por índios e nordestinos
Conhecida por europeus, americanos e latinos
[Refrão]
Eu moro em zona sul, mas não me leve a mal
Favela é o meu habitat natural
O rap o pagode e o funk nasceram no meu quintal
Porque a favela é o meu habitat natural
[Verso 2: André Ramiro]
Aumenta a pressão, abala o coração
O bicho papão, vem transformado no caveirão
Ajoelha então, e faz sua oração
Pela paz em vão, por justiça saúde e educaçao
Consomem sua farinha e veneram sua planta
As vezes tu é um demônio as vezes tu é uma santa
Sucesso no cinema polêmica em discussão
Mesmo sendo um seriado na minha televisão
É bela mas é fera, modelo na pa**arela
A imprensa fala mal dela, virou atriz de novela
Em qualquer lugar que eu vou, eu sempre falo nela
Quer saber quem é? To falando é da favela
[Ponte]
Como disse esse, sem vacilar sem me exibir
Cheguei na humildade pra mostrar o que aprendi
Coragem pra seguir e nunca desistir
Seus becos e vielas me dão força pra sorrir
Favela, favela
[Refrão]
Eu moro sem zona sul, mas não me leve a mal
Favela é o meu habitat natural
O rap o pagode e o funk nasceram no meu quintal
Porque a favela é o meu habitat natural