Sou moura, o sol me doura a pele,
ao céu do deserto eu chamo meu.
No ar aberto ardo: chama e mel.
Onde se solta o vento, eu solto o véu.
Só desejo o que pa**a, o breve instante,
asas, navios, a água dos rios.
Sou viajante, caminho sempre adiante
dos frios invernos e dos secos estios.
Sou moura, conheço os génios do vento,
sei desatar os nós dum mau enredo.
Por vezes choro, porém logo invento
um riso novo para afastar o medo.
Só desejo o que não pode ser,
miragens e mitos, e se canto e grito
é pra impedir o céu de escurecer
- como largar fogo ao infinito.