[Anderson Benjamim]
O giz e o fuzil
Dizem que através dos olhos
Enxerga-se a alma
Assim como entre um sorriso
Faltam-lhe diversas palavras
Para definir a transparência de qualquer ser
Que entre sonhos buscam
A melhor forma em viver
Sobreviver;
É algo que cerca os valores
De pessoas que sangram entre os arames
Umedecendo em terra seca
Prantos que se formam através das dores
Sentindo amargo o gosto nos sabores
E de pouco a pouco
Cresce estatística
Reduz mais uma família, que dia-a-dia
Aprofundou-se em ir de encontro
A educação de sua sensibilidade
Ganhando simplicidade
A base de honestidade
Apesar de muitos desacreditarem
Que esse caminho é a maior chave
E o único valor que não é tirado
E quando se é adubado
Frutos são brotados e consumados
Na natureza de um sorriso
Na poesia que forma um brilho
Que preenche memórias desse imenso Brasil
E na ladeira que se desse
Não há como julgar um perfil
No discurso se procede
Que o giz é mais forte que o fuzil
Por isso eu digo;
Em versos ou diversas canções
Que as crianças continuem
A luta que nasceu em antigas gerações
[Higo Melo]
O grito do fuzil reprimiu o que o giz pode dizer
Ninguém pode me ensinar o que só a vida ensina
Você se contradiz na minha hora de aprender
Nada pode melhorar enquanto só alguns a**inam
Ninguém vai me enganar depois de tudo que eu vi
Você pode me negar tudo que aconteceu
Se o estudo não condiz com a vida que vivi
Eu vou te devolver aquilo que você me deu
[Mulumba]
Com o giz posso escrever
Com o fuziu posso atirar
Com o giz pude entender
Que com o fuziu devo matar
Atiro pra me proteger de quem
Mato por temer alguem
Faço o mal pra fazer o bem
Luto por mim e luto por 100
Vou atinjindo quem tambem não tem nada
Ganhar dinheiro mesmo de forma inadequada
Peguei o relogio deixei o corpo na cauçada
Desse jeito saio andando enquanto provo a jaqueta furada
Rasgada de uma trabalhador
Somos filhos desse meio e vivemos as custas dessa dor
Vou dizer pra tu doutor douto
O primeiro tiro quem disparo
Quando o giz a**inalou
O povo genocidou, seu conhecimento sempre a**acinou
Os que dizem fazer parte
Desse país
Governado por ladrões
Estrategia de negações
Na historia escrita com o giz
Mas a vida me traz recordações
De como trataram nossas mães e pais
Por conta de dinheiro trucidaram nossos ideáis
Conhecimento sem direito das causas reais
Nunca vai brotar paz do risco do giz
Direito de conhecimento adquirimos com fuzis
Queremos letras pra escrever
Mutivos pra não atirar
Lembranças boas do viver
E não numeros pra acinar
[Anderson Benjamim]
Em sua mão lhe deixo duas armas
Agora me diga qual se deve usar?
Seu futuro tente rabiscar
A paz que precisa pra poder lutar
Do que vale esse poder
Se só tenho a perder
Do que vale esse poder
Levo o direito de viver
Do que vale esse poder
Que julga o meu ser
Não é isso que eu sempre quis ter
Em sua mão lhe deixo duas armas
Agora me diga qual se deve usar?
Qual o caminho? O valor esquecido?
Pra que não caia no mal querer
[Higo Melo]
No giz a expressão
Do fuzil a repressão
Se o giz é repressão
Apaga meu ancestral
Faz de mim um serviçal
Servir sem ser visto
Seguir uma moral
Que ignora que existo
Eu sou o povo
E isso não me favorece
Sem saber por que padece
Ninguém vai se libertar
Alguém acumula
E quem sofre não esquece
E a mente deprimida
Resolve se rebelar
Move-se daqui pra lá
Revolveres pra atirar
Tanto bem pra consumir
Poderes a conquistar
Não foi preciso ensinar
Que pra se ter poder
Para sobreviver
É necessário se armar
Sobe o morro o caveirão
A mãe solteira, pela mão
Puxa o filho que chora
Essa geração
Fará uso da lição
Aprendida nessa hora
Ignore que eu existo
La no fundo da sala
E eu comando teu seqüestro
Do fundo de uma cela
Policial armado
Mandado pelo estado
Foi copiado
E quando é atacado
Cai em contradição
Esquece a repressão
Diz que esse resultado
É falta de educação
Uma ação vale mais que mil palavras
Já vi e ouvi e vivi
E normal que o oprimido
Aprenda oprimir
[Mulumba]
Abrão os olhos
Atenten os ouvido
Escutem os tiros e o gritos
Dos filhos mães e pais
Muitas familhias padecem
Subjugadas aos seu ideais