Diz quem já me ouviu cantar Que, quando soa o meu canto, A terra inteira estremece; E os rios perdem o mar, E as pedras rolam de espanto, E até o mal se enternece Diz quem meu fado conhece Que ele enfeitiça e encanta, E comove, e tira o sono É a paixão que entretece Os fios de quem o canta Porque o meu fado tem dono
Eu canto para procurar Aquele que já foi meu E a morte me arrebatou Não desisto de cantar, Chamando o nome de Orfeu Em todo o lado aonde vou Mesmo que o saiba fechado No Inferno mais profundo E não me aguarde outra sorte, Levo comigo o meu fado - Vou até ao fim do mundo Para morrer da sua morte.