São sombras que se escrevem sobre veludo
De uma noite de memória e contemplação
São sangue e lágrimas; o conteúdo
Das causalidades da paixão
O meu caminho dança em negrume
Em tinta cáustica do pa**ado
E o meu coração arde em lume
Que é chama do meu Fado
São vultos que recobrem o abismo
Onde durmo em penitência
São reflexos de um exorcismo
Que desmente a existência
E se as vozes se calarem
Numa qualquer noite de melancolia
É tempo de se lembrarem
Da violência que me silencia
Pois no Silêncio sou rei
Uma tragédia vulgar
Que se perde num mundo sem lei
Em que verdadeiramente não sei estar
E são vultos que se perdem dentro de mim
E são vozes lascivas sobre cetim
São vícios e desejos por Atenas
São chacais, víboras e hienas
Estas vozes que não se calam
Estas vozes que não se escrevem
Estas vozes que preenchem
A timidez do perfume que exalam
Calem a tempestade e confusão
Deixem a Lua banhar o meu coração
Com o seu brilho pálido de Saudade
Que destrói os vultos da Vaidade